Self Connetion - Rock e Comportamento. (by: Tibet)


Self Connetion-Rock e Comportamento.
– Necrofilia -
By Elizabeth Queiroz – (Tibet).

          O Rock desde sempre, com sua postura rebelde e agressiva, apossou-se de características nefastas, sinistras e porque não dizer, com um pezinho na Necrofilia.


           Ok! Vamos tentar explicar isso pelo olhar da psicanálise e da psicologia e entender porque ele sempre se utilizou de uma simbologia tão “cabulosa”. 



          Suas representações estão sempre ligadas à morte, ao nefasto, ao obscuro e porque não dizer, ao horripilante. Símbolos como cruzes, caveiras, armas, sangue, vampiros, mutilação, cemitérios, tumbas, cadáveres, e lugares sinistros estiveram sempre associados à ele. O rock com sua influência marcante sobre as gerações, atinge em cheio jovens e adolescentes que geralmente atravessam crises de identificação, de identidade e precisam contestar o que é normal buscando o que os diferencie dos outros.



           Na música, desde os primeiros movimentos Rockabilly, Beatnick nos anos 50\60, passando por Simpaty of the Devil nos 70, e chegando à atualidade, caracterizando bandas de rock pesado, de heavy metal, thrash metal, death metal etc...   e fazendo alusão à morte, aos rituais macabros e góticos; os símbolos, as letras, as vestimentas, capas de disco, melodias melancólicas e depressivas, que nos faz lembrar questões que nos fazem refletir sobre o lado obscuro e os mecanismos de destruição, defesa, ou de substituição simbólica. Mecanismos que geralmente produzem sintomas psicopatológicos. Sintomas que trafegam entre uma ideia e um desejo e que geralmente está veiculado com a sexualidade, com o desejo reprimido, que volta como sintoma, desprazer ou desconforto, e que tratamos de transferir ou substituir por símbolos fora de nós mesmos, fora do nosso self, mas que representam e se identificam com nossas fantasias perversas infantis, com os nossos medos, inseguranças e com os instintos primitivos de sobrevivência.



         Esses mecanismos também se apresentam no nível macro, no nível de comportamento de massa. Estão presente em nossa sociedade atual, atingem várias gerações, estão no dia a dia das grandes cidades e dos grandes centros culturais. Refletem cada vez mais os movimentos tribais, as ideologias culturais de um grupo, de um gosto musical, de uma escolha, de uma identidade e de uma identificação. E que na verdade personificam e justificam uma fuga da opressão e do arrocho imposto pelo sistema em que vivemos, um sistema capitalista e perverso.


       A palavra Necrofilia vem do grego Nekros (morto) e Filia (amor), que eh descrita pela psicanalise como uma parafilia decorrente de um padrão de comportamento geralmente ligado à sexualidade e à perversão. Aliás, para a teoria Freudiana, a Necrofilia é um dos sintomas perversos, juntamente com a pedofilia, o sadismo, o masoquismo, o exibicionismo e o voyerismo. E que são geralmente padrões de comportamento onde o desvio se dá não apenas no ato em si, mas no objeto de desejo, ou seja, no objeto já sem vida, no cadáver.
                                           

        A perversão se dá no nível individual ou no nível grupal e reflete sempre uma influência mútua entre seus seguidores, isso pode ser observável nas escolhas e preferencias pelas bandas, nos Fãs Clubes e nos grandes shows internacionais onde reúnem grande número de pessoas, lotam estádios no mundo inteiro e convocam multidões. Cada indivíduo se fortalece através da identificação com esse grande grupo. Se identificam através das roupas, se caracterizam através de camisetas de suas bandas preferidas, das maquiagens, das tattoagens e do gestual compatível com cada influência. 



                                        
         Quer dizer que o Ozzy ao comer um morcego no palco, fez uma alusão à necrofilia? O “IRON MAIDEN” quando homenageou, ao batizar sua banda com o nome de um instrumento medieval de tortura feminina, o cinto de castidade, usou recursos de apelo sádico para dar nome à banda? Somos todos necrófilos porque nos identificamos com um tipo de música agressiva, e que ostenta símbolos macabros?



                   Sim. Podemos dizer que sim.  Do ponto de vista teórico, enfatiza-se o fato de que o apego excessivo do perverso, ao seu modo particular e restrito de obter prazer, compulsiva e compulsoriamente, e o modo como se mostra para o mundo e para a sociedade, funciona como uma proteção contra as angústias psicóticas e encarregam-se da manutenção da sua identidade subjetiva.



          As fantasias sádicas, perversas, necrófilas carregam conteúdos pulsionais de uma estrutura fantasmática que é a identificação do sujeito transformado em objeto. Em objeto (amor) perdido para sempre, sempre procurado e jamais encontrado. Dando sentido para aquilo que falta, para aquilo que é diferente, mas ao mesmo tempo igual a ele (espelho). É então que acontece a identificação com os personagens macabros, maus, poderosos, super herois, demoníacos e afrodisíacos. Não há perda verdadeira sem que o sujeito se identifique com aquilo que perde, e do ponto de vista da psicanálise, somos na fantasia, aquilo que perdemos e é nesse momento que o sujeito se funde com o objeto de sua paixão e se completa com ele. Come, mastiga e devora o objeto e por isso sua relação com a necrofilia.
          Com uma relação de submissão e dominação sádica e masoquista.  As fixações pulsionais determinam os conteúdos das fantasias e é dada a instauração de uma neurose perversa. Em cada fantasia o sujeito está presente, em cada cena ele está representado. Sempre há um outro no lugar do objeto. O sujeito não pode reconhecer-se frente ao objeto de seu desejo senão por meio das fantasias, cujo enigma deve ser decifrado, e também porque vem disfarçado por uma simbologia macabra, sinistra, mortal e perversa. 
                              

            A cena perversa seria uma espécie de sonho corporal que, atuando na realidade, envolveria uma preferencia especifica, de um lugar, um personagem, uma banda de rock, uma vestimenta, um símbolo, uma auto mutilação, ou mesmo uma pessoa fictícia, nas bases esquizofrênicas de sua montagem: o uso do mecanismo da recusa e a consequente dissociação do ego, vão cada vez mais, conduzindo o indivíduo a um estado de vazio psíquico, a uma falta de relacionamentos afetivos genuínos e a uma solidão e infelicidade perturbadoras. Na patologia instalada, durante muito tempo, as negações podem ser eficientes, mas a engrenagem perversa pode começar a falhar e, então, o sofrimento psíquico começa a vir à tona, muitas vezes portando o colorido trágico das angústias psicóticas e a ameaça de um desmoronamento dos limites da identidade se faz presente. Existe a possibilidade da pessoa se afastar do mundo real, e se esconder atrás de uma mascará sinistra, fictícia, estereotipada de um personagem demoníaco ou vampiresco por exemplo. Um bom exemplo desse mecanismo, foi quando Glenn Benton Vocalista da banda de Death Metal “DEICIDE”, anunciou um possível suicídio aos 40 anos, muito bem, ele já passou faz tempo dessa idade, mas fica o estigma do metal pesado, da infuência maléfica e os sinais necrófilos.



           Como a manutenção da recusa do lugar comum o perverso se baseia na onipotência, o envelhecimento do corpo, a doença física e o fantasma da mortalidade são sentidos como ameaças, ou ostentadas de forma fantasiosa através dessas preferencias por símbolos nefastos, imortais, eternos e negados na realidade, mas que podem abrir algumas brechas na rocha da personalidade perversa. O perverso faz uma divisão entre um mundo “oficial”, que pode ser mostrado às pessoas, e um mundo “secreto”, no qual ele vive em absoluta solidão, em sua caverna sinistra, (já que as pessoas com quem se relaciona neste mundo não são propriamente “pessoas”, mas sim objetos descartáveis e já sem vida). A manutenção desta divisão entre o real e o fictício é inicialmente vivida como uma capacidade que lhe proporciona um sentimento de poder e de triunfo sobre a realidade. No entanto, esta mesma divisão detona seu projeto de felicidade e de bem-estar, e pode tornar-se uma tormenta. A divisão só pode deixar de ser sentida como fonte de sofrimento psíquico à medida que há uma integração entre as partes cindidas, (mundo externo e interno). 
    Uma “crise” por exemplo, pode implicar, o contato que o perverso toma com seus afetos genuínos, de caráter explosivo, destrutivos e agressivos, suscitados por sua relação com os objetos amorosos, (ciúmes, possessividade, inveja, percepção do self infantil necessitado e incapaz de sobrevivência se for abandonado pelo objeto materno). Com a clivagem de seu ego ameaçada, o perverso pode experimentar um sentimento de iminente despersonalização, pois não é só a sua sexualidade que foi construída sobre o alicerce da clivagem, mas sim toda a sua superfície identificatória. Um perverso procura estabelecer relações mais íntimas com aqueles que se assemelham a ele, ou por aquele a quem inveja, ou com aquele que ele gostaria de ser, ou de se parecer, roubando-lhe o estilo ou a personalidade. Sua escolha narcísica de objeto, o leva a ter amor somente por si mesmo. Quase nunca leva em consideração os sentimentos e necessidades do outro. A escolha sexual é narcísica, no sentido de relacionar-se com seu próprio ego através de um relacionamento com o outro - eu me amo, e sou o máximo, e muitas vezes se intitula o próprio personagem de admiração ou identificação. (auto-erotismo)
Para finalizar, gostaria de lembrar que nem todos que gostam de rock pesado é perverso ou necrófilo apenas radicais, mas o sintoma perverso, necrófilo, ou sádico, como todo e qualquer outro sintoma; neurótico, psicótico, psicossomático ou psicopático, constitui sempre o arranjo que foi possível ao sujeito em sua luta pela sobrevivência psicológica. E que ele usa suas escolhas simbólicas macabras, como instrumentos de sobrevivência da personalidade, podendo com isso se beneficiar de um estilo exótico, instigante e interessante, e tornando-se assim aceito socialmente. 

Elizabeth Queiroz: Psicóloga Clínica : CRP: 06/116408 e Psicanalista. RT: SBPH: 2009/SP.

Diretora da clínica: Psicoterapias Integradas www.psicoterapiasintegradas.com.br

Ex. Editora da Revista DYNAMITE.

Emailpsicoterapias.integradas@gmail.com – Fone 11 997726039.




Elizabeth Queiroz é Psicologa e Psicanalista. Atende em consultório próprio, trabalha com adultos e adolescentes.
Foi fundadora e editora chefe, juntamente com André Cagni, da REVISTA DYNAMITE e atualmente  é vocalista da Banda AJNA. 

Contatos: psicoterapias.integradas@gmail.com - www.psicoterapiasintegradas.com.br

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